O VALOR DA ORAÇÃO
A madrinha do Chico, por vezes, passava tempos entregue a obsessão.
Assim é que, nessas fases, a exasperação dela era mais forte.
Em algumas ocasiões, por isso, condenava o menino a vários dias de
fome.
Certa feita, já fazia três dias que a criança permanecia em completo jejum.
À tarde, na hora da prece, encontrou a mãezinha desencarnada que lhe
perguntou o motivo da tristeza com a qual se apresentava.
— Então, a senhora não sabe — explicou o Chico — tenho passado muita
fome.
— Ora, você está reclamando muito, meu filho! — disse Dona Maria João
de Deus — menino guloso tem sempre indigestão.
— Mas hoje bem que eu queria comer alguma coisa...
A mâezinha abraçou-o e recomendou:
— Continue na oração e espere um pouco.
O menino ficou repetindo as palavras do Pai Nosso e daí a instantes um
grande cão da rua penetrou o quintal.
Aproximou-se dele e deixou cair da bocarra um objeto escuro.
Era um jatobá saboroso...
Chico recolheu, alegre, O pesado fruto, ao mesmo tempo que reviu a
mãezinha ao seu lado, acrescentando.
— Misture o jatobá com água e você terá um bom alimento.
E, despedindo-se da criança, acentuou:
— Como você observa, meu filho, quando oramos com fé viva até um cão
pode nos ajudar, em nome de Jesus.
Mais eu tenho a impressão de que essa mensagem já foi colocada lá,então resolvi mandar duas.
Certa noite, o Chico alquebrado pelos obstáculos, orava, antes do sono,
rogando a Jesus múltiplas medidas e soluções para os problemas que o
apoquentavam.
Mais de quarenta minutos já havia empregado no petitório, quando lhe
surgiu Dona Maria João de Deus que lhe falou bondosa:
— Meu filho, faça suas orações, porque sem a prece não conseguimos a
renovação de nossas forças espirituais, entretanto, não será por muito falar que
você será atendido.
— Então, como devo fazer em minhas súplicas? — perguntou o Médium
desapontado.
— Você sabe que Jesus também pede alguma coisa de nós... — disse
o espírito maternal.
— Sim, Nosso Senhor recomenda-nos humildade, paciência, fé, bom
ânimo, caridade e amor ao próximo no cumprimento de nossos deveres.
— Pois, façamos o que Jesus nos pede e Jesus fará por nós o que lhe
pedimos. Está certo?
E o Chico recebendo a lição aprendeu que orar não é falar e mover os
lábios, indefinidamente.
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